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Retorno da fazenda, preço ou produtividade. Qual o caminho a seguir?
05/19/2020 - 21:05


Prof. Thiago Bernardino de Carvalho

 

 

Tradicionalmente a realidade e o potencial da agropecuária brasileira são reconhecidos por todos os cantos do mundo, muito devido as suas vantagens comparativas, como condições climáticas e disponibilidade de água e solo para o cultivo de alimentos. Nos últimos anos, com o crescimento da população e da renda de países em desenvolvimento, assim como quebras de safra e redução de rebanho em países exportadores e competidores do Brasil, o mercado nacional tem ganhado mais importância no cenário mundial.
 
Devido a esses fatores a atividade agropecuária vem procurando se desenvolver nos últimos anos buscando investimentos para aumentar a produtividade, e consequentemente a produção. Esse movimento visa aumentar nossa vantagem competitiva na pecuária e na agricultura entre os principais produtores dentro do Brasil e fora.
 
A análise para se determinar as vantagens competitivas entre as fazendas sempre busca interpretar o que mais impacta no retorno do capital investido, preço ou aumento de produtividade, com a finalidade de estabelecer o que mais determina a decisão de investir numa atividade ou não.
 
Em trabalho desenvolvido em 2016 (Carvalho – FEA/USP), resultados mostraram que o impacto dos preços no retorno do capital é maior do que a produtividade para a pecuária, ou seja, o mercado ainda tem papel fundamental na decisão do produtor para o investimento. Em contrapartida, o melhor retorno dos produtores de grãos advém da produtividade.
 
Tradicionalmente a pecuária de corte e de leite brasileira se comporta dessa maneira, ou seja, aufere maiores lucros quando os preços pagos aos produtores aumentam. Nota-se que o mercado é volátil e que há períodos de preços muito baixos, como por exemplo em períodos de crise e retração de vendas como estamos passando. Isso explica muito a queda da atividade, onde o custo da terra é alto e as terras são arrendadas para outras atividades mais rentáveis, como a cana-de-açúcar. E também a migração para o norte do pais, onde os custos são menores e a margem da atividade maior.
 
O pecuarista é tomador de preços e como seu ativo, o boi ou vaca, é um reserva de valor, ele pode esperar por preços menores e não se importar com a produtividade. Já os agricultores (soja e milho), buscam as melhores expectativas de preços ano após ano, focando em tecnologia e gestão.
 
A necessidade de fazer uma boa gestão da produção, de custos e comercialização, buscando a redução de custo com o aumento da produtividade, mostra que os produtores que diferenciarem sua produção, ou seja, investirem na produtividade podem ser no futuro os que permanecerão na atividade. A competitividade da agropecuária brasileira está calçada numa combinação de continuidade e crescimento de produtividade.
 
Destaca-se que muitas das fazendas têm grande potencial produtivo, mas estão carentes de incentivos para investimentos, com a produtividade em queda e sofrendo a concorrência de atividades agrícolas que podem desestruturar toda a cadeia produtiva em diferentes regiões. 
 
Sendo assim o desafio mais importante para o aumento da produtividade e de lucratividade das fazendas é de gestão e uso de tecnologia. Capacitação, educação e orientação são definidos como pontos chaves mais importantes, mas que precisam ser incorporados em uma estratégia que deve ser desenvolvida pelos atores de campo na busca de vantagens competitivas.
 
O caminho a seguir sempre será o do melhor uso de fatores tecnológicos, buscando o aumento da produtividade, reduzindo custos e ganhando em economia de escala. Fazendas que buscarem esse caminho melhorarão seus índices produtivos e econômicos, aumentando sua margem e se perpetuando na atividade.

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