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Pecuária de corte e Covid-19: investir para poupar no futuro
04/24/2020 - 13:13


Prof. Thiago Bernardino de Carvalho

 

 

Que nenhum setor saíra ileso da pandemia que assola todo o mundo, está claro para todos, empresa, empregados, governos, etc. Mas que o agronegócio brasileiro está mais apto a enfrentar à crise, isto sim. E a sociedade no geral reconhece este fato.
Algumas cadeias sofrem e sofrerão mais com os problemas oriundos da crise frente as demais, e uma das que possuem um horizonte menos turbulento é a cadeia de pecuária de corte.

 

Alguns fatores levam a esse raciocínio mais otimista, entre eles a dependência do mercado externo frente ao produto brasileiro, o sistema de produção e por fim o uso de tecnologia.

 

Nos últimos anos o Brasil se consolidou como o principal player no mercado internacional de carne bovina, exportando carne para mais de 140 países e entre eles, a China. Fala-se do país asiático devido ao volume de compras das carnes brasileiras nos últimos anos, se tornando o principal destino das proteínas produto nacional (bovina, suína e de frango). Isso se dá diante de alguns fatores, entre eles uma maior aproximação de ambos governos, mas também da necessidade dos chineses na busca de carne mais barata e em quantidade. E esse cenário faz com que a dependência se torna cada vez mais forte, principalmente pela falta de carne bovina nos demais países exportadores. A busca da China pela carne brasileira, assim como um mercado exportador bem pulverizado, faz com que o cenário internacional para a carne brasileira seja um fator positivo nesse processo de pandemia.

 

O segundo fator, relacionado com a produção, decorre do fato que a produção brasileira de carne está em sua maior focada na produção extensiva da pastagem. E esse sistema, quando bem administrado, se torna um aliado do pecuarista, que pode regular a oferta de animais, dando equilíbrio ao mercado na busca por melhores cotações. Com a chegada da entressafra, espera-se que haja menor oferta de animais para o segundo semestre melhorando as cotações ao produtor.

 

Por fim, a tecnologia se torna um fator de “poupança” para o pecuarista. Quando mais há o uso de tecnologia dentro da porteira, há um incremento de produtividade e por consequência redução dos custos fixos de produção. Em épocas de crise, é de extrema importância que empresas, entre elas as fazendas, não deixem de lado o uso de insumos, para não depreciar seu rebanho e sua estrutura de produção, fazendo com que o rebanho a qualidade da produção se mantenha e dando oportunidade ao proprietário um poder maior de negociação com todos os elos. Essa “poupança” se refere ao investimento de longo prazo, que garantirá ao pecuarista uma margem de lucro e de produção maior nos médio e longo prazos.

 

E cenário se desenha otimista para o segundo semestre e para os próximos dois anos. Resta ao pecuarista não cair no efeito manada, no “maria vai com as outras” e parar com a produção, ou por muitas vezes “desligar o motor do carro”. A necessidade de girar a fazenda não vai parar, resta ao tomador de decisão decidir por quanto tempo levará os efeitos da crise dentro da porteira.

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