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Cenário positivo, mas desafiador para o produtor de leite
04/13/2020 - 22:29


Prof. Thiago Bernardino de Carvalho

 

 

Recorde histórico de preços em janeiro, oferta enxuta no primeiro semestre - sinalização de patamares firmes no primeiro semestre – e dólar alto (preços dos importadores mais elevados e exportações mais firmes), são fatores que levam produtores de leite a ficarem otimistas em relação ao começo do novo ano. Mas é sempre importante destacar os desafios que trazem variáveis otimistas para a atividade.
 
Os preços mais elevados no início de 2020, refletem alguns fatores, entre eles a produção no campo, que foi afetada principalmente pelos atrasos nas chuvas da primavera, que fizeram com que a produção de forragem ficasse restrita e dificultasse a alimentação das vacas. 
 
Este é o primeiro grande desafio para o produtor – com a falta de forragem, há uma busca maior de concentrado. Deve-se sempre lembrar que o concentrado representa mais de um terço dos custos de produção e os preços do insumo se elevaram nos últimos meses e começo deste ano. 
 
A busca por um alimento de qualidade é fundamental para o sucesso da produtividade na produção leiteira. De acordo com pesquisas do Cepea, os custos de produção de leite, representados pelos desembolsos do produtor, já iniciam 2020 com alta de 1,62% na média Brasil, puxados pela alta nos preços da ração, de cerca de 3,5% em janeiro, refletindo o aumento nas cotações do milho no país. 
 
Por isso se torna um importante desafio para 2020 – saber o momento de comprar o alimento e usar ferramantas de proteção de preços para o ciclo produtivo.
 
Um segundo importante ponto de análise, está relacionado com a pecuária de corte. O aumento de abate de vacas leiteiras, estimulado pelas cotações elevadas do mercado do boi gordo, prejudicaram a produção de leite nos últimos meses de 2019 e devem trazer um grande desafio para 2020. Os preços de corte devem se manter em patamares altos ao longo do ano, trazendo uma concorrência para o destino dos animais: produção de leite ou abate. 
 
Este é o segundo desafio do produtor. Deve-se melhorar a margem da propriedade, buscando descartar animais com menor produção e aproveitar preços da outra cadeia, mas também fazer o planejamento de longo prazo, sabendo que haverá falta de animais nos ciclos futuros e quando houver, será valorizado, inviabilizando por muitas vezes os custos de aquisição. Por isso um bom planejamento se torna necessário. Onde quero estar daqui dois anos?
 
Por fim, um fator que deverá fazer parte da rotina nos primeiros meses do ano para o setor, é a alta do dólar, que do mesmo jeito que ajuda a frear importações e elevar exportações, pode fazer com que haja insumos mais caros atrelados ao câmbio. O ponto positivo é buscar no aumento dos embarques ao exterior, produzir um leite que atenda essa demanda e obter melhores margens de produção, pois assim, mesmo com custos maiores a margem da atividade se torne atrativa.
 
O cenário se desenha interessante e otimista para o setor, basta saber aproveitar as oportunidades e encarar com planejamento os desafios. 

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