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Bezerro bom e “caro” ou bezerro ruim e “barato”?
04/13/2020 - 22:21


Prof. Thiago Bernardino de Carvalho

 

 

Os números de abates de bovinos em 2019 apresentam o maior volume registrado desde o ano de 2015, ou seja, é o maior em cinco anos. Seja pela maior oferta de animais prontos para o abate no primeiro semestre, ou pelos preços recordes no ultimo trimestre do ano, a verdade é que o maior volume de animais abatidos no ano passado desenha cenários do que se pode esperar para a pecuária nos próximos anos e como o pecuarista precisa se portar.

 

O maior volume de fêmeas abatidas (vacas e novilhas) no primero semestre deverá impactar a oferta de animais (reposição) para os próximos dois anos, valorizando este elo da produção e fazendo com que haja um aumento de custos para a fase de engorda.

 

Pelo lado do terminação, a busca por animais mais precoces e com melhor conversão alimentar – mesmo sendo mais valorizados – irá fazer com que criadores invistam em tecnologia para produzir mais e com qualidade. Resta ao terminador acompanhar o mercado e tomar uma boa decisão na hora da compra, que muitas vezes se torna o gargalo, a dor de cabeça.

 

Comprar um bezerro bom e caro ou comprar um bezerro ruim e barato? O barato sai caro, não? A grande questão, não necessariamente é a compra do animal, se ele vai ter um custo alto e sair caro para o terminador, mas sim o que este pecuarista como irá continuar a produção de um animal valorizado.

 

Montar um protocolo sanitário sem qualidade e com uso de medicamentos sem eficácia? Misturar sal branco com sal mineral? Não fazer um correto manejo do pasto? Ou melhor, conhecer sua estrutura de produção e não usar tecnologia para fazer um animal “caro” ser terminado antes? 

 

Todos esses questionamentos parecem simples e banais, mas é ainda o que acontece nos rincões das fazendas brasileiras com pecuária de corte. É o mesmo que comprar uma ferrari e usar gasolina adulterada ou comprar fusca e usar gasolina “azul”, buscando o mesmo rendimento. 

 

O pecuarista não pode errar nessa gestão, caso contrário o barato com certeza sairá caro, os custos de produção serão maiores e a culpa sempre será dos insumos, seja ele do bezerro que não engordou como devido, assim como o medicamento que não traz resultado e o sal mineral que não trouxe um bom ganho de peso diário. 

 

O número de abates de animais pode ser mais um número para muitos, mas com certeza para os demais é a chave para o melhor resultado no médio e longo-prazos.

 

Abates: no acumulado de janeiro a dezembro de 2019 foram abatidos no Brasil o montante de 32,4 milhões de animais, número 1,75% superior ao mesmo período de 2018, 4,96% maior que em 2017, 9,07% superior ao registrado em 2016 e 5,69% maior que em 2015. Considerando o mesmo período de 2014, a soma de animais abatidos no ano passado é 4,45% inferior. 

 

Os números mostram a recuperação do volume de animais abatidos depois de uma redução de rebanho e produtividade causados pela seca que atingiu o centro-sul do país nos anos de 2013/14, o que fez com que houvesse redução do rebanho, impactando em aumento de cotações ao longo da cadeia e consequentemente investimentos em tecnologia que fizeram com que o rebanho voltasse a crescer principalmente em 2017 e 2018.

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